domingo, 23 de agosto de 2009

Roommate

Muitas confusões essa semana.
Realmente os relacionamentos são complicados. Quando se trata de duas pessoas morarem juntas, mais ainda.
Desde que estou morando com meu Roommate, as coisas por aqui não tem sido fáceis.
Eu sou assim, quem me conhece sabe como eu sou, além do mais sou brasileira. O Onder é turco.
Viver com uma pessoa sem total afinidade é muito ruim, ainda mais que eu criei expectativas erradas, achando que poderia compartilhar coisas como diálogos sem fim em inglês.
Essa semana iniciou uma guerra que não sei quando vai terminar.
Quase mudei de apartamento, quase voltei a Vancouver, quase voltei para casa e quase mudei de escola.
Por fim, a Lilian, a dona do apartamento, veio esse final de semana tentar promover a paz entre as nações. Resolvi ficar por aqui mesmo, uma vez que não estou podendo gastar nem um centavo a mais.
Essa semana começou o Ramadan, o Onder é mulçumano, passa o dia rezando, e quando não está rezando está na mesquita (rezando), e quando não esta na mesquita está trabalhando ou na escola.
Eu vou à escola de manhã, fazer minhas caminhadas à tarde no High Park, e alguma atividade com a escola, se não fico estudando ou vendo TV.
Mesmo assim está muito difícil de olhar na cara dele, e não sei quando isso vai acontecer de novo, voltarmos a nos falar.
Espero aproveitar a minha jornada aqui em Toronto, e que essas decepções me sirvam de lições.

Tornado

Essa semana aconteceram coisas que ninguém consegue imaginar: passaram tornados e twisters em Toronto.
Eu estava em casa, tinha acabado de chegar do Wal-Mart quando vi o tempo totalmente fechado, o céu numa cor estranha, e um mormaço de uns 30 graus.
Para mim foi só mais uma tempestade.
Uma tempestade com uma intensidade impressionante. Nunca tinha visto nada igual. A chuva estava varrendo tudo que tinha pela frente.
Foram 30 minutos e depois o sol saiu como se nada tivesse acontecido. E olha que aconteceu por volta das 6:30 p.m.
Dia seguinte eu fui a escola e em todos os jornais fotos de destruição. Ninguém conseguiria supor que um tornado passou em Toronto, mas não foi somente um, vários. Muita gente desabrigada e sem energia elétrica.
E hoje em casa resolvi assistir TV, um jornal. Pois um furacão está se formando em Nova Scotia, East de Toronto. E ele já tem um nome: Hurricane Bill ou Furacão Bill! Impressionante!
Se virem algo na TV fiquem tranqüilos, Nova Scotia é um bocadinho longe daqui, 2 horas e meia de vôo.

domingo, 16 de agosto de 2009

Salão de Beleza

Ir ao salão de beleza toda a semana?
Nem pensar, já que para fazer a unha custa um absurdo. Depilação então nem em sonhos. O negócio é tentar aprender sozinha, e eu que nunca fiz nada em mim mesma, essa é uma boa hora para aprender. Em todo caso um esmalte custa menos: 7 dólares.

domingo, 9 de agosto de 2009

Brigadeiro

Tudo que é novo é tudo de bom, ah delícia.
Pois eu que não estava acostumada a ter vida de rainha, resolvi retribuir fazendo brigadeiros para meu novo roommate.
Achei leite condensado e chocolate granulado no supermercado, até que não eram tão caros assim.
Depois de checar algumas receitas na internet resolvi fazer, pela primeira vez na vida, brigadeiro de panela.
Sim, eles ficaram lindos, porém era impossível comer um. O Onder me disse que não conseguia saber que gosto tinha um brigadeiro.
Essa semana nós já brigamos duas vezes, e pelo menos os brigadeiros estão servindo para alguma coisa: arremessar um no outro.

Novo Lar

São tantas emoções que estou vivendo, não tenho como descrevê-las aqui.
Eu estava muito angustiada por não ter onde morar, morando em hotel.
Pois foi quando eu conheci o Onder. Onder é um rapaz da Turquia que conheci pela internet.
Antes da fraude eu vi, no site do craigslist, que ele estava anunciando um quarto num apartamento em Toronto. Ele me enviou alguns emails, com fotos e tudo mais, depois me adicionou no Facebook.
Nesse meio tempo eu aluguei o apartamento da fraude, e acabei perdendo contato com ele.
Pois eu estava super angustiada em Vancouver, dias antes de chegar aqui, que escrevi no meu Facebook: Estou indo para Toronto e não tenho lugar para morar.
O Onder escreveu-me rapidinho, dizendo para não me preocupar que eu poderia morar no mesmo apartamento que ele.
Quero agradecer aqui a várias pessoas que me escreveram demonstrando carinho, que me indicaram pessoas em Toronto para entrar em contato, que me indicaram famílias, agradeço de coração.
Eu trouxe comigo todos os telefones, contatos possíveis.
No domingo iniciei as minhas ligações, a enviar emails, tentei ligar para o Onder, e cheguei a marcar algumas visitas para segunda-feira.
Estava quase indo dormir quando vi o Onder on-line no Facebook, e conversando com ele pelo chat marquei de visitar o apartamento logo cedo no dia seguinte.
Peguei o metro na segunda-feira cedo. E eu estava certa, era o meu dia de sorte.
A dona do apartamento, Lilian, estava a passeio em Toronto, já que era feriado.
O apartamento é lindo, grande e muito confortável.
Fechei negócio no mesmo instante.
No mesmo dia, Onder ajudou-me com a mudança, foi comigo buscar minhas malas no hotel.
E por mais coincidência que pareça, ele estuda na mesma escola que eu.
Depois disso ele me enumerou algumas regras, pois a única coisa que a Lilian me disse foi: eu quero meu apartamento sempre limpo, e que você tome muito cuidado com as minhas coisas.
Atualmente todas as coisas dela estão aqui, o armário esta abarrotado de roupas, o banheiro cheio de cremes, mas agora é também a minha casa.
Ela virá aqui alguns finais de semana, me disse que agora que é avó resolveu alugar um quarto, não esperava alugar o outro também.
Pois agora eu tenho o meu quarto, o meu banheiro. Aqui mora somente eu e o Onder, e ele faz tudo para mim.
Ele disse que pode cozinhar para nós, não me deixa chegar a cozinha nem para lavar a louça.
Ele limpa a casa, arruma todas as camas, tira o pó, recolhe o lixo e lava as roupas, inclusive as minhas.
Tudo muito bom.
Ele me acorda de manhã para ir a escola, diz que eu só tenho 5 minutos, coloca o café da manhã na mesa e diz: você está atrasada.
É muito diferente morar com um homem, mas está sendo bom.
Espero dar muitas sapecadas por aqui.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Fraude

Agora que a minha vida mudou um cadinho, vou compartilhar algo não muito bacana.
Meus planos de viajam, desde o início, foram: estudar três meses em Vancouver e três meses em Toronto.
Em meados de Julho eu inicie a minha busca por algum lugar para morar em Toronto.
Eu estava meio receosa, pois Vancouver, definitivamente, é maravilhosa, e eu não queria mais ir embora. Eu tinha muitos amigos, namorado, uma família ótima, que mais poderia eu querer?
Jacob disse para mim: Baby, não vá para Toronto, please, fica aqui comigo, eu te amo.
Eu não dei ouvido, continuei as minhas buscas por lugares para morar, até que eu achei um apartamento no centro de Toronto. Parecia inacreditável. O apartamento era lindo, barato, e somente eu e uma canadense iríamos dividi-lo.
Realmente era inacreditável, era tão inacreditável que o apartamento não existia.
Tudo foi feito pela internet.
Eu assinei o contrato, a pessoa me enviou o passaporte, eu enviei a copia do meu, por ultimo enviei o dinheiro do seguro fiança e do primeiro aluguel.
Só descobri que era fraude na outra semana, pois estava esperando a chave chegar, quando a pessoa me pediu mais dinheiro para mandar a Nigéria!
Para quem não sabe, na Nigéria existem alguns tipos de “empresas” especializadas em fraudar pessoas no mundo todo.
Isso foi uma segunda-feira, eu estava tomando café da manha, só me lembro que eu entrei em estado de choque.
Quase desmaiei.
A minha sorte foi que a Shanna estava ao meu lado, ou não sei o que me aconteceria.
Eu perdi muito, muito dinheiro, e sem poder, pois não estou trabalhando aqui
.A Shanna ligou para o banco, mas foi impossível resgatar o dinheiro, pois eu enviei em espécie. Depois ela ligou para a polícia. Eu não tinha condições de nada, estava em estado total de choque. Nunca tinha ficado desse jeito. Meu mundo tinha acabado.
E meu passaporte rodando o planeta ajudando fraudar outras pessoas.
Liguei para o meu pai no dia seguinte, acho que ele assustou quando disse que iria ligar, foi a primeira vez que liguei para alguém no Brasil.
Passei uma semana chorando, deprimida.
Eu fui a polícia de novo, ninguém pode fazer nada por mim.
Estou participando de algumas investigações agora, me recuperando.
E por fim, eu resolvi vir para Toronto de qualquer jeito. E foi por isso que vim a Toronto com uma mão na frente e outra atrás, sem nem reservar hotel.
Totalmente assustada.
Mas Deus é bom, e me ajudou.
No meu total desespero eu tentei alterar o meu visto, tentei arranjar um emprego, tentei de tudo.
Mas vocês sabem, para brasileiros tudo é mais difícil.
Por fim eu resolvi terminar o meu curso em outubro mesmo e voltar para a casa, e meu sonho de morar aqui eternamente não existe mais.
Quero voltar para o meu país.
A princípio eu não poderia ficar até outubro, sem dinheiro e sem trabalhar, não dá para viver se você estiver em outro lugar que não a sua casa. Ainda mais gastando em dólar. Por isso eu queria trabalhar a todo o custo, nem que fosse ilegal.
Porque eu não quero voltar sem estar falando inglês fluente!
Mas agora eu vou conseguir voltar na data prevista, sem trabalhar, somente estudando, e, assim espero, falando fluente.
Sapecadas de apuro!

domingo, 2 de agosto de 2009

Toronto

Sempre chega a hora...
3 meses em Vancouver e depois... 3 meses em Toronto.
Eu quero amar Toronto como eu amo Vancouver. Como eu sinto falta de Vancouver! Eu não queria mais ir embora.
Deixar Vancouver foi um pouco triste.
Essa semana eu chorei cada vez que me lembrava que estava indo embora. Passei a ultima noite acordada chorando.
Em razão disso, chegar em Toronto foi um pouco deprimente. Primeiro porque eu não tinha onde morar, segundo porque eu estou sozinha, sem amigos, namorado, família, etc.
Carregar um monte de malas, definitivamente, é um saco!!! Apesar de eu ter dado um monte de roupas, eu ainda estava com duas malas, uma mochila e duas bolsas, super pesadas.
Ao chegar a Toronto o meu primeiro choque foi o horário. Aqui são 3 horas a mais que Vancouver, tive a impressão de ter perdido o meu dia!!!
Depois procurar um hotel, todos os hotéis lotados!
A minha única opção seria ficar no Hilton ou Crowne Plaza, ao lado do aeroporto, que com certeza eu escolhi o segundo, já que minhas condições financeiras não permitem um Hilton.
Fui para o hotel, e como eu estava exausta! O checking é automático, meio dia tudo para de funcionar no seu quarto, a não ser que você renove a diária.
Café da manha não incluso. Usei a internet para procurar algum lugar para morar.
Até a TV tem de pagar, caso eu queira assistir algo. Impressionante.
Voltei para o aeroporto meio dia, quando acabou a minha diária. Não dá para pagar 100 dólares por dia num hotel longe de tudo.
No aeroporto consegui reservar um albergue para mim por dois dias, 30 dólares a diária.
Espero nesses dois dias conseguir algum lugar para morar.Amanha é feriado em Toronto. Estou super perdida, espero me achar, fazer amigos, novo namorado e melhorar meu inglês, e quando for voltar para o Brasil, chorar mais um cadinho.

Despedida

“Mande noticias do mundo de lá, diz que fica...”
Como foi difícil dizer adeus.
Realmente eu me apeguei a todas as coisas boas e algumas ruins daqui de Vancouver.
Primeiro foi a minha família. Como a minha família é maravilhosa! Eu desejo encontrar pessoas assim em Toronto.
Na ultima semana, a Shanna preparou um mega jantar na segunda-feira, pois eu e mais 3 roommates estavam partindo na mesma semana.
Após isso, uma mega festa em casa até as 3 da manhã.
No dia seguinte ela declarou feriado para nós, e fomos todos, em três carros, viajar para uma praia, que não é praia, mas parece e chamamos de Lake, que tem água doce, perto dos EUA, a mais de 3 horas de Vancouver..
Foi maravilhoso, pois essa semana está muito sol e muito calor em Vancouver, quase todos os dias 40 graus, 35 graus à noite.
Passamos o dia em piquenique, nadando, relaxando e aproveitando um ao outro
Depois a minha amiga Mexicana Claudia preparou algo para mim, fui a um bar com meu amigo Faihan.
Quinta feira eu tomei banho no quintal com as crianças, fazendo muita bagunça deixando a Shanna enlouquecida. Fiquei até meia noite fazendo trancinhas no cabelo delas, e no da cachorra também.
Sexta-feira, ultimo dia, após a escola fomos para o Red Robin comer sanduíche, depois dançar no bar mais popular de Vancouver.
O Faihan me ligou chorando na sexta-feira, dizendo que queria me ver uma ultima vez, era quase meia noite e meia e eu disse: venha para minha casa, ele pegou o ultimo bus, veio me ajudar a fechar as malas.
Eu sentindo falta do Jacob todos os dias e ele não me atendendo no celular, eu estava quase desesperada para vê-lo, chorei porque ele não ligava para dizer adeus ou nada. Quando finalmente ele apareceu na minha casa às 4 da manhã e depois foi comigo ao aeroporto.
Muitas choraminguelas. Difícil dizer adeus.
Amigos que talvez nunca mais eu vá encontrar.
Como faço agora para ir ao Japão? Ou Coréia? Ou Arábia Saudita?
Provavelmente um dos meus próximos destinos.

Boyfriend

Amor I love u.
Morar em Vancouver, uma cidade mágica, onde tudo pode acontecer, foi fantástico, mas eu estava me sentindo muito sozinha.
Comecei a namorar no mês passado, e foi uma das melhores coisas que me aconteceu em Vancouver.
Meu namorado é Jacob, da Arábia Saudita, 25 anos.
Conheci-o no primeiro Night Club que eu fui, e meu melhor amigo que nos apresentou.
Foi rápido, intenso e agora, doloroso.
O Jacob é estudante da mesma escola que eu, porém nunca vai a escola.
Quase todos os dias ele sai a noite em alguma balada ou bar, volta para casa as 3 da manhã e dorme o dia inteiro.
Ele fala inglês melhor que eu, além de árabe e algumas outras da África.
Nasceu na África do Sul, e depois se naturalizou saudita, teoricamente ele é mulçumano. Mas nunca o vi ir a mesquita ou fazer uma das cinco orações diárias.
Em resumo: ele é totalmente diferente de mim.
Mas eu gostei muito dele, depois acabei me apaixonando e quando deixei Vancouver foi uma coisa, porque chorei muito e ele acabou indo no aeroporto comigo, disse que vinha me visitar em Toronto, meu coração não para de doer...
A parte boa:
Quando eu comecei a sair com o Jacob o meu inglês era horrível! Eu comprei um celular aqui e tinha pavor de atender telefone, pois não conseguia entender nada. Com o Jacob me ligando todos os dias (ou melhor, todas as madrugadas), eu pude melhorar muito meu inglês no telefone, hoje consigo fazer e atender qualquer tipo de ligação, anotar os recados, etc.
Eu consigo explicar para qualquer um, direções: direita, esquerda, pegar tal ônibus, taxi, andar duas quadras, etc.
Minha fala melhorou muito, pois eu falava muito com ele, e muito vocabulário novo também.
Eu conheço muito mais sobre a cultura árabe do que estudei algum dia nas aulas de história.
Pode parecer besta, mas para mim foi muito importante, muito útil para o dia-dia, eu conheço pessoas que não sabem explicar como chegar na própria casa. Realmente foi bom.
E foi muito bom ficar apaixonada, fazer coisas diferentes, tudo muito bom.
A parte ruim:
Ninguém é perfeito.
Jacob gosta de beber, todos os dias ele está num clube bebendo.
E todas as mulheres de Vancouver parecem querer dele, eu estava me tornando ciumenta possessiva.
Principalmente quando ele alugou um Mustang branco, com teto solar para desfilar no centro da cidade
Ele não gosta de estudar, e não liga para gastar dinheiro, gasta como se fosse beber água. O governo saudita envia dinheiro para ele, quase 3 mil dólares por mês, deve ser por isso.
Disse que veio a Vancouver para entrar na universidade, fazer graduação aqui, mas precisa do IELTS para entrar em alguma, é difícil, pois só falar não adianta, tem de saber gramática.
Morou na Inglaterra por três anos e um ano em Vancouver e acha que fala fluente.
E quando finalmente eu descobri estar apaixonada, ele mudou completamente.
Um tio dele que é executivo chegou em Vancouver a trabalho esses dias, e depois disso eu fiquei duas semanas sem vê-lo. Não atendia as minhas ligações mais, e quando atendia falava monossílabas. Por fim ele apareceu na minha casa na ultima madrugada para dizer adeus e que vinha me visitar em Toronto depois do casamento do irmão no Líbano.
Eu estava quase enlouquecida de saudades.
Foram boas sapecadas.