segunda-feira, 28 de setembro de 2009

French Canadá

Estar no lugar certo e na hora certa é uma coisa que, definitivamente, não é para qualquer um, eu já disse aqui.
Esse está sendo o melhor ano da minha vida.
Percebi isso pedalando nas ruas de Quebec City. Quem diria que depois de tantos anos eu iria montar numa bike, num frio tremendo, para conhecer a cidade mais linda do mundo.

Depois deitar na grama e ficar admirando o céu azul, lindo.

Entrar num outleet da Le Chateu e tentar entender francês enquanto escolhia um casaco de pele maravilhoso branco e inacreditavelmente barato.
Estar com uma enxaqueca horrível, porque passei a noite num ônibus viajando e falando mais que o homem da cobra – e em inglês – ao invés de dormir.
Passar um frio tremendo com um vestido sem manga indo para uma balada dançar até não querer mais, ao invés de dormir cedo para compensar a noite não dormida e quem sabe, sarar da enxaqueca.
Ter certeza absoluta que aquela loira linda, sentada no bar da balada é a atriz Juliette Binoche.
Andar até dizer chega em Montreal e entrar em todas as lojas possíveis e resistivelmente não gastar nada.
Sair para jantar e levar o próprio vinho, pois no restaurante não vende bebida alcoólica, mas permite que leve a sua de casa.
Estar com uma enxaqueca duplicada a milésima potência e mesmo assim ir para outra balada ao invés de voltar para o hotel mais cedo dormir e compensar duas noites acordadas.
Acordar no dia seguinte antes das sete da manhã, pior que todos os dias anteriores e mesmo assim viajar como se nada tivesse acontecendo.
Chegar em Ottawa milagrosamente sem dor e ver que o dia estava mais lindo que todos os dias anteriores.
Não alugar uma bicicleta por 25 dólares e ao invés disso andar por quatro horas para conhecer toda a cidade a tempo de fotografar cada coisa linda que nela tinha.
Fazer a sua amiga de viagem andar mais ainda só porque você cismou que tem de ir à Embaixada da Arábia Saudita tirar uma foto e mandar para o seu ex-namorado que prometeu vir te visitar em Toronto.

Fazer uma viagem de barco pelas Mil Ilhas de Kingston falando muita besteira em inglês com meus amigos árabes.
Voltar para Toronto tagarelando mais que na primeira noite a ponto de ficar com a boca cansada.
Chegar em casa e perceber que estou mais gorda que anteriormente, mas mesmo assim devorar uma pizza inteira sozinha.
Ah, isso sim são boas sapecadas.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Futuro

Longe de casa há mais de cinco meses... Hoje, assim como todas as quintas-feiras, eu acordei bem cedo. Não que eu queira, mas assim como a coleta de lixo passa todas as terças a noite, a manutenção do prédio limpa o jardim toda quinta-feira bem cedo, e morar no segundo andar é compartilhar com o som estupendo da máquina de cortar grama.
Essa semana começou o outono, e as ruas estão simplesmente maravilhosas. Ainda não fui ao High Park, mas as árvores estão mudando de cor, vermelha, laranja, amarela, rosa, algumas folhas verdes, muitas folhas no chão. Chove todos os dias, o ar está úmido, temperatura amena. Amo muito tudo isso.
Em mais um mês e voltarei ao Brasil.
Já estou psicologicamente preparada para a volta, por isso não me apeguei tanto a Toronto.
Eu ando nas ruas e sinto uma satisfação tão gostosa, que chega a sair lágrimas dos meus olhos. Não consigo explicar.
Como foi bom ter escolhido o melhor momento para morar aqui! Não sei se sentiria o mesmo no inverno, com meu pé atolando na neve.
Os meus pensamentos estão divididos entre o presente e o futuro. É inevitável, não consigo controlar.
O meu cérebro transborda de informações e a minha mente pede um arrego numa rede gostosa de Aracaju, talvez.
O meu coração saltita de saudades, de tudo e de todos. E os meus olhos anseiam rever muitas coisas ainda, antes de partir e depois quando chegar.
O perfume das cores me remete a lembranças tão doces que chego a pensar que estou no céu, ou de volta a Vancouver.
E como já dizia Joni Mitchel: “Oh Canadá!”

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Níveis e desníveis

Quando eu cheguei ao Canadá o meu inglês era sofrível. Eu havia estudado em algumas escolas no Brasil, mas não foi suficiente.
Ao desembarcar em Vancouver sem conseguir falar com ninguém, sem entender nada, sem ler nada, foi uma frustração.
Os meus primeiros quinze dias foram iguais, sem falar ou entender.
Eu comecei a estudar no PLI no Low Intermediate, um nível antes do intermediário. E apesar de as aulas serem sobre Present Simple, foi uma dureza. Nunca imaginei que não sabia falar arroz e feijão em inglês.
Às vezes parece idiota, mas eu não sabia falar o básico!
Resolvi estudar gramática por dois meses, pois aqui no PLI você escolhe uma aula que quer estudar e a segunda é obrigatória para todos os alunos, Communication Skills.
O segundo mês eu já conseguia me comunicar, e nas aulas eu estava aprendendo Simple Past. Como aula de gramática é uma chatice, mas necessária.
O que complementou o meu segundo mês e me ajudou a dar um upgrade foi meu novo celular. Comprei um celular no início de Junho, porém morria de medo de atender. Foi quando conheci o Jacob e a minha vida mudou, o meu inglês melhorou muito!
Eu fiz o meu primeiro exame para saber as quantas andavam o meu inglês, quando descobri que era péssima em leitura. Fui para o intermediário.
Mas ao invés de escolher alguma aula de leitura para o terceiro mês eu achei que tinha de estudar pronúncia e listening, às vezes não entendia o que o Jacob ou o Wais me diziam. Então escolhi as aulas de Listening, Conversation and Pronunciation.
Em paralelo a isso eu estava fazendo aulas de Communication Skills, que sempre havia debates, muita conversa, coisas práticas como aprender a jogar Poker, Black Jack, hehehe. Sim aprendi a contar dinheiro, muito útil, conversas sobre cultura, viagens, filmes, e gramática.
Quando vim para Toronto mudei de nível, cheguei aqui como High Intermediate Plus, um nível antes do avançado. Eu havia pulado dois níveis. Meu professor disse que eu merecia.
Mas nem tudo é só status.

Vim para Toronto para falar quase nada em inglês e muito português. Se talvez eu tivesse ficado em Vancouver estaria no avançado, será? Lá eu realmente falava muito!
O meu primeiro mês de aula foi uma coisa de tão difícil, escolhi aulas de leitura dinâmica. Finalmente me conscientizei que era hora de aprender a ler, aliás, eu queria ler jornal, revista, etc.
Foi quando fiz outro exame de inglês (a cada dois meses). E que exame difícil, meu Deus. Parecia que nunca tinha aprendido inglês na vida.
Ao invés de ir para o avançado, voltei para o High Intermediate, sem plus. Para mim foi até bom. De que adianta estar no avançado sem ser avançada!
E quem disse que inglês é fácil é porque nasceu por essas bandas.
Decidi que era a hora de variar, mais dois meses e eu estarei em casa. Escolhi aulas de business communication. As aulas são as melhores que podem existir, com um professor muito bom da Inglaterra, ruim é o sotaque dele.
As aulas são uma revisão da faculdade em inglês, ou até coisas que não aprendi muito bem, como aulas de marca e propaganda.
É muito difícil, eu tenho de estudar muito, pois são tantas palavras novas no mundo corporativo que chego em casa exausta. Muita leitura, muitos artigos, muita lição de casa, muita revisão.
Aqui em Toronto, infelizmente, ainda não estou falando inglês na mesma quantidade e qualidade que em Vancouver. Sem muitos amigos, sem namorado, às vezes acho que meu inglês não funciona.
Não consigo mais falar com a mesma rapidez que antes, mas melhorei muito meu vocabulário e gramática, leitura também, ah sem dizer que agora assisto muita TV, e isso tem ajudado muito meu listening.
Antes eu somente falava, e muito, e ia à escola. Agora eu vou à escola, estudo, faço as lições de casa, leio muito e assisto TV, mas conversar que é bom está difícil.
Como disse anteriormente, minha vida mudou (muito) aqui em Toronto, não foi para melhor nem pior, está diferente.
O negócio é estudar sempre e sapecar!

domingo, 13 de setembro de 2009

TIFF

Essa semana começou o Festival Internacional de Filmes de Toronto (Toronto International Film Festival - TIFF), e não podia ser para menos, numa cidade totalmente multicultural e cosmopolita, todo mundo está em polvorosa, inclusive eu.
O Festival em si promete muitas novidades jamais imaginadas nos Festivais de Filme em São Paulo, como por exemplo, muita gente famosa vinda de Hollywood.
Às vezes fico na dúvida de procurar o melhor filme para assistir durante o Festival - aliás, cada ingresso custa 20 dólares! – ou simplesmente procurar o melhor filme que aquele seu ator favorito pode estar assistindo na cadeira ao lado – e por apenas 20 dólares!
Além dos 300 filmes em cartaz, com horários desde as 9h da manhã até meia noite, o Festival tem muitas opções e para todos os gostos. O difícil é fazer apostas para o melhor filme quando todos os melhores filmes estão reunidos num único lugar.
O Festival abriu sua noite de gala com um filme canadense. Já ouvi muita gente falando mal de filme canadense, que é muito deprimente, que só mostra o lado negativo do Canadá. Mas isso me fez lembrar as pessoas que moram no Brasil e falam mal de filmes brasileiros. Falando nisso, na lista do Festival só vi um filme brasileiro. Enfim, muito polêmica.
O filme canadense chama-se Creation, e conta a história de Charles Darwin, recebeu quatro estrelas de todos os críticos (excelente), até de Nova York, e claro, estou louca para assistir!
Enquanto não me decido qual filme assistir, já que não poderei assistir os 12 que estão na minha lista (240 dólares + taxas, hehehe), tento ver se acho alguém famoso!
No dia da abertura eu li no jornal que a Megan Fox estava indo ver o filme Creation. Não foi dessa vez que encontrei com uma mulher tão bonita, já que eu fui ao lugar errado procurar pelo carpete vermelho. No dia seguinte o jornal dizia que o George Clooney estaria no filme das 18h30min na rua atrás da escola. Nem precisa dizer que fui correndo ao encontro dele após a aula. Mas ele não apareceu, e eu só vi o Michael Moore. Mas quem quer ver Michael Moore!?
O impressionante é ver no jornal do dia seguinte, ou na TV, pois aqui não se fala em outra coisa, gripe suína e crise econômica não existem, fotos e entrevistas de todos esses astros, e às vezes em lugares que você passou por lá horas antes ou depois! Como assim a Penélope Cruz está em Toronto? Alguém a viu? É bem assim mesmo. Esse final de semana me desanimou de ficar caçando celebridades, mas quem sabe amanhã depois da aula?
Até o final do Festival ainda vou dar muitas sapecadas!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Blue Jay

Fui assistir a um jogo de baseball.
Em campo estavam: Blue Jay, o time de Toronto e Yankees, o time de Nova York.
Ao entrar no estádio fiquei impressionada, como era grande e organizado. Eu que nunca tinha ido para assistir nem um jogo de futebol no Brasil.
Por 10 dólares o ingresso eu não poderia ter ficado no melhor lugar (os ingressos custavam até 210 dólares).
Eu fui com um grupo grande da escola, que assim como eu, não entende nada de baseball.
Mas eu fui mais esperta e convidei meu amigo canadense Michael, que ama baseball e teve toda a paciência do mundo para explicar o jogo.
Após um hot-dog na entrada entramos para uma jornada de 4 horas! Sim, o jogo dura até 4 horas.
Muita gente acha que baseball é a coisa mais chata do mundo, e confesso que se não fosse o Michael eu também teria achado, mas não pretendo assistir outro jogo também.
O Michael me explicou que o time de Nova York é o melhor, e que quando ele era criança Blue Jay teve seus anos de glória.
Mas não custava nada torcer por Toronto!
O estádio do Roger Centre estava aberto para um céu sem estrelas e como pano de fundo o CN Tower.
Apesar de não entender nada do que o Michael tentou me explicar, achei o jogo muito divertido. A todo o momento tocava músicas, desde clássicas até Hip-Hop. Tinha duas torcidas organizadas que agitaram muito.
Era tanto entretenimento que às vezes esquecia de ficar olhando o jogo.
Juro que eu vi umas japonesas fazendo o homework! Mas eu tentei aprender as regras! hehehe
Mas não teve jeito, Yankees venceu por 10 x 5.
Fica para a próxima Blue Jay!

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Toronto

Semana passada completou um mês que estou morando em Toronto. A minha primeira quinzena foi muito difícil. Eu estava morando em Toronto, mas não 100% aqui, meus pensamentos, meus sentimentos e meu coração estavam em Vancouver, e por um momento eu cogitei em voltar para lá. Quando descobri que estava morando em Toronto foi quando comecei a viver intensamente.
Ainda sinto muita falta de Vancouver, mas parei de ficar olhando as fotos de lá, que antes fazia todos os dias, até troquei as fotos do meu iPod pelas de Toronto.
Toronto é especial.
Toronto não é igual São Paulo, é melhor. Exceto algumas coisas, que claro, não podemos comparar, Toronto é a cidade de sonhos e oportunidades.
Eu comecei a descobrir Toronto pelo parque que tem ao lado da minha casa: High Park. Comecei a freqüentar todos os dias para fazer caminhada, quase 10 km por dia. Amazing!

E até piquenique com a escola fizemos nesse parque! Aula no parque!
Fui conhecer a Universidade de Toronto e pensei: estou na Europa! Nunca vi um campus tão lindo, tão organizado, tão europeu, e no centro de Toronto! Há lugares para se sentar e simplesmente ficar admirando a arquitetura. Outra qualidade de Toronto, a arquitetura. Foi aqui que descobri prédios de mais de 50 andares. Estar em frente de um prédio e olhar para cima, mas não simplesmente olhar, inclinar completamente a sua cabeça para cima, tamanho arranha-céu! A maioria dos prédios são vidrados, impressionante, nunca tinha visto nada igual! E qual foi a minha surpresa ao olhar para cima, justamente para olhar os prédios, que descobri como o céu de Toronto é tão, como posso dizer, tão azul! E lindo, um azul que nunca vi em nenhum lugar. Sim porque aqui não existe a mesma poluição de São Paulo, cujo céu é meio cinzento.
Até ir a biblioteca de Toronto foi um prazer, nunca tinha visto nada inacreditavelmente organizado. Tanto aqui quanto em Vancouver as bibliotecas não deixam nada a desejar. E depois eu ter ido a Niágara`s Fall, apesar de a viagem ter sido horrível, foi como saber que ainda tenho muitas coisas lindas para ver nesse planeta. Fui conhecer o Museu Royal Ontário, no único dia que é gratuito. Aproveitei para olhar o lado egípcio e oriente médio, inacreditável. Mas museu é museu e não preciso pagar 23 dólares para ver novamente tudo com calma. Mas o mais bonito é a Galeria de Arte de Toronto, eu vi três obras de Pablo Picasso! Fiquei super emocionada. Sem dizer da arquitetura da galeria, e do museu também.
Aqui tenho a sensação de os arquitetos quererem sempre se superar! Inacreditável.
Como toda cidade grande aqui também tem um mercadão, o St. Lawrence. Não é uma maravilha no quesito preços, mas valeu a visita.

Um dos maiores festivais do mês, eu estava lá: The Exhibition. Um lugar somente para gastar dinheiro e ver coisas para gastar, mas que também você pode ter sorte de encontrar com o ex-presidente dos EUA, Bill Clinton, palestrando, ou ver um show de aviões caça, dependendo do dia.
E quando não tenho nada para fazer em pleno domingo, é só eu escolher algum tipo de festival que quero ir. Como fui esses dias no Festival Busker com alguns amigos para ver performances artísticas.
Estou sapecando em Toronto!